CONFIRMADO: Santa Marina já é usada para abastecer Cordeirópolis

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O que mudou no silêncio da Santa Marina?

A redação do Martello News esteve no local e constatou a instalação de uma bomba diesel na nova represa de Santa Marina. A partir dessa constatação, fomos em busca de informações “oficiais” (já que as pessoas pediram para não serem identificadas) e técnicas para entender o que, de fato, mudou no sistema de abastecimento de Cordeirópolis nos últimos dias.

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O que se confirmou é o que muitos já suspeitavam e inclusive já trouxemos no Martello News: a cidade ainda não entrou em colapso total graças à utilização da nova represa, que passou a ser usada de forma mais efetiva pelo SAAE após semanas de desabastecimento em diversos bairros.

Depois de conviver com torneiras secas e forte desgaste junto à população, o SAAE ampliou o uso das águas da nova represa de Santa Marina. Uma bomba foi instalada na saída do reservatório, fortalecendo o sistema de captação que já existia na pequena represa do outro lado da rodovia,  estrutura que, na prática, é sustentada pela nova barragem.

Com os dois sistemas operando em conjunto, o volume médio de abastecimento passou a girar em torno de 66 litros por segundo, o equivalente a aproximadamente dois terços da demanda da cidade, estimada entre 95 e 100 litros por segundo. O restante tem sido suprido pelas represas do Barro Preto e de Cascalho esta última, inclusive, à beira do esgotamento, parou de captar há alguns dias.

 

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Especialistas ouvidos pela reportagem e servidores do próprio SAAE, que pediram anonimato por receio de represálias, afirmam não compreender por que as sobras da represa de Santa Marina  que não dependiam de licenciamento para esse tipo de uso  deixaram de ser utilizadas por tanto tempo, enquanto centenas de moradores enfrentavam semanas sem abastecimento regular.

O processo de licenciamento da nova represa, segundo informações oficiais, só foi retomado em novembro, após 11 meses de paralisação. Nos bastidores, a avaliação é de que a demora teve muito mais motivação política do que técnica.

A atual gestão municipal e, especialmente, a atual direção do SAAE, foram críticas recorrentes do projeto da nova represa, sustentando a narrativa de que a obra apresentava problemas estruturais e não teria reserva suficiente. Nesse contexto, utilizar a represa significaria, na prática, admitir a viabilidade do empreendimento.

Chama atenção ainda o fato de que, em um governo conhecido por comunicar praticamente todas as ações por meio de transmissões ao vivo, a ampliação do sistema de captação da nova represa tenha ocorrido de forma discreta, sem anúncios públicos ou divulgação institucional.

Inclusive na noite de terça-feira (17), a redação passou pela rodovia e avistou veículo abastecendo a bomba.

Nos bastidores, o cálculo político parece ter mudado de direção. O desgaste provocado pela falta de água passou a pesar mais, com a insatisfação popular crescendo e a imagem da administração sendo diretamente afetada pelo desabastecimento.

A não utilização da represa de Santa Marina durante o período crítico da estiagem trouxe consequências que vão além do desconforto da população. A represa de Cascalho, uma das mais antigas da região, foi levada praticamente à exaustão, operando abaixo do volume morto e ficando próxima da secagem total.

O impacto ambiental é significativo. A biodiversidade da área foi severamente afetada e a recuperação será lenta. Por ter uma pequena área de contribuição hídrica, a represa de Cascalho pode levar anos para retomar níveis considerados normais.

Construída há mais de um século, a represa de Cascalho já chegou a abastecer Limeira em uma época em que não existia o tratamento de água atual. Essas estruturas eram projetadas em regiões com nascentes e em áreas mais altas, justamente para garantir estabilidade hídrica  e Cascalho sempre foi exemplo disso.

Ainda assim, em janeiro deste ano, o reservatório estava próximo da capacidade máxima. Agora, às vésperas de dezembro, encontra-se praticamente esgotado.

No fim das contas, a maior vítima dessa combinação de decisões políticas e equívocos técnicos não foi apenas a imagem da gestão, mas o próprio sistema hídrico da cidade  e, principalmente, a população, que segue pagando o preço da falta de planejamento.

Fotos: Martello News

 

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