Quando a água falta por falha operacional, não é só a torneira que seca é o planejamento que entra em colapso
Cordeirópolis acaba de atravessar uma das crises hídricas mais simbólicas dos últimos anos, “que segundo moradores, pior que 2014” marcada não apenas pela estiagem, mas por decisões técnicas tardias, falhas de gestão e pela subutilização de estruturas já existentes, como a represa Santa Marina. O episódio expôs um problema que vai além do município e que agora entra oficialmente no radar do Ministério Público.
É nesse contexto que o combate à crise hídrica passa a ser uma das principais prioridades do GAEMA PCJ-Piracicaba para 2026.
Durante reunião regional anual realizada de forma virtual no dia 10 de dezembro, o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente apresentou um balanço das demandas enfrentadas em 2025 e definiu as diretrizes estratégicas para o próximo ano. O encontro foi conduzido pelos promotores Alexandra Facciolli Martins e Ivan Carneiro e reuniu cerca de 150 representantes de órgãos públicos, entidades ambientais, universidades e da sociedade civil da região. Informações estão no site do Ministério Público.
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Entre os principais desafios destacados estão a crise hídrica, os impactos das mudanças climáticas, o combate aos incêndios florestais e a necessidade de avanços no saneamento básico temas que, na prática, já afetam diretamente cidades como Cordeirópolis.
A deterioração da qualidade da água das bacias dos rios Piracicaba e Corumbataí também foi apontada como ponto crítico, assim como a urgência da transição para uma economia circular, com fortalecimento da coleta seletiva, da logística reversa, da destinação correta de resíduos recicláveis e da inclusão das cooperativas de catadores no sistema.
Outro eixo central do debate foi o ordenamento territorial e a regularização fundiária, com atenção especial ao avanço de núcleos urbanos informais em áreas rurais situação que, segundo o GAEMA, compromete a vocação do território, contamina cursos d’água e intensifica processos erosivos. Exemplos desse problema já foram identificados em municípios como Piracicaba e Limeira.
Para enfrentar esses gargalos, os participantes reforçaram a necessidade de projetos estratégicos, fortalecimento da governança regional e criação de estruturas integradas, como um consórcio intermunicipal voltado à gestão de resíduos e outras questões ambientais no âmbito da Região Metropolitana de Piracicaba.
Também recebeu destaque o Projeto Geopark Corumbataí, que envolve nove municípios e é visto como uma alternativa concreta para o desenvolvimento socioambiental e o turismo sustentável. A iniciativa está em estágio avançado e tem previsão de encaminhamento à UNESCO em 2027.
Ao final da reunião, houve consenso de que os desafios de 2026 exigirão planejamento antecipado, gestão de riscos e governança eficiente justamente os pontos que, quando falham, transformam crises previsíveis em colapsos reais, como o vivido recentemente em Cordeirópolis.
O GAEMA PCJ-Piracicaba atua em 22 municípios, entre eles Cordeirópolis, Limeira, Rio Claro, Piracicaba, Americana e Santa Gertrudes, abrangendo uma região diretamente impactada pelas mudanças climáticas, pressão urbana e desafios históricos no saneamento e na gestão da água.

